domingo, 28 de março de 2010

velhos companheiros

todos me dizem que sou parecida com meu pai. eu também acredito, apesar das nossas muitas diferenças. quando vejo suas fotos antigas, me imagino dentro daquelas imagens. como se os seus amigos fossem também os meus. talvez, se eu fosse do seu tempo, seríamos hoje velhos companheiros que tomando uma cerveja, veríamos fotos e recordaríamos nossas velhas histórias.


Cidade Ocian, 1976


Ilha Bela, 2008


Tiradentes, junho, 2006


Saquarema, 1980


Ouro Preto, julho 2006


Jundiaí, 1973

frio que tocava a barriga

tava pronta, de mala e pasagem na mão.
vôo com destino à Berlin, meu primeiro encontro com ela.
levava desejo e medo, do frio, da ausência do outro, da solidão.
de cara, ela se apresentou, assim, de cabeça pra baixo, sóbria. não tinha pressa, mas sabia exatamente onde ia.
nem precisou me seduzir e eu já estava apaixonada por ela.
os dias na sua companhia eram absurdamente frios, e às vezes esse frio tocava a barriga.










































Berlin, dezembro de 2009

terça-feira, 9 de março de 2010

naquela mesa



a Fazenda Santana é a segunda casa da minha família, quero dizer, minha, dos meus pais, irmãos, avós, tios e primos. todo fim de semana, quase com uma obediência religiosa, os que estão por aí, se reunem para viver dois dias de descanso e ócio, depois dos cinco dedicados ao trabalho. comer e beber são, seguramente, os prazeres mais disfrutados. a mesa permanece posta o dia todo. quando se acaba uma comida já é sinal de que já é hora de começar a próxima.
assim, a cozinha é o ponto de encontro dos que estão sempre com vontade de comer e beber e com essa desculpa, se sentam na mesa para contar suas histórias, problemas, dilemas. se esquecem dos conselhos do padre e cometem o pecado da gula mas com um motivo muito nobre, celebrar o amor e a alegria que mantém a família unida.

sexta-feira, 5 de março de 2010

era Sa Calobra




Sa Calobra, Maiorca, julho, 2009

eram montanhas de raras curvas e desenhos,
estradas de subir e descer,
calor quando era baixo e frio quando era alto
era um enorme lago verde tocado pela luz de um peculiar entardecer
escuro quando eram cavernas e claro quando o sol achava seu lugar no céu
era um mar de ondas ruidosas
estávamos cercado de paredões e no meio uma pequena praia de infinitas pedras,
era Sa Calobra
éramos dois e éramos tudo.
era dia e o cansaço queria que fosse noite
era vontade de viver cada segundo que fazia o segundo virar minuto, o minuto virar hora e a hora virar dia,
um dia que não teve começo nem fim.

no quarto do "Hostal Micalet"










Formentera, julho, 2009.

acabamos de chegar da praia. me sento numa cadeira do lado de fora pra ver a lua enquanto minha irmã e MJ entram no albergue. mais que a lua, me chama a atenção, a cena que vejo pela janela.
é nossa segunda noite no "Hostal Micalet" e já me sinto em casa. me dou conta de que mesmo estando de viagem, o que vejo é uma rotina.
não faz nem 10 minutos que chegamos e MJ já quer sair. acho que ele fica um pouco angustiado por estar acompanhado de duas irmãs que preferem o dia que a noite. ele gosta de ambos.
começa a conversar comigo pra decidir que faremos. logo, se distrae olhando as fotos que fizemos na praia, reclamando que quando pego sua câmera, faço muitas fotos de uma mesma cena.
apesar do calor, passa uma brisa fria.
já são 10 da noite e Suzanne prepara a cama. ela gosta de dormir cedo.
eu, continuo sentada, com minha câmera na mão. olhando pra lua e perguntando-me porque cenas tão cotidianas são pra mim, pura poesia.

cena de filme mudo





viagem em navio Formentera/Ibiza, julho de 2009.

sentada numa poltrona do lado de dentro do navio, queria sair pra ver o sol se pôr. tava cansada e não fui. me contentei em ver pela janela o que passava fora. o vidro isolava o som. tive a sensação de estar vendo um filme mudo.

quarta-feira, 3 de março de 2010

pintar e bordar













moradores do Piso Bonavista, 7: Alfredo, Chris, Nataly, Marinés, Ramiro, Olga e Mila. Barcelona, 2009, 2010.

a gente foi aí pra morar, pintar e bordar.